quinta-feira, 15 de maio de 2008

segunda-feira, 12 de maio de 2008

PEQUENAS NOITES ENCANTADAS DE AMOR INCENDIÁRIO

IV - NUMA ILHA DESERTA...

Pelo reflexo em teus olhos cristalinos, percebo o azul transbordante que nos rodeia. Nessa ilha deserta perdida no meio do mundo, sob um céu negro rendilhado de estrelas faiscantes, observados pela lua sorridente, preparamos o ato como quem prepara a vida.
Estamos nus, a pele orvalhada exala desejo. Entrelaçamos as mãos, nesse pacto silencioso e, entre murmúrios, descobrimo-nos aos poucos, com a sutileza inesperada de quem espera...
A noite avança.
Náufragos incontidos, entregues ao desejo incontrolável, a cada beijo apaixonado tentamos, como canibais ressuscitados, engolir-nos, introjetando esse amor de forma definitiva.
Provo seu gosto, como quem prova uma fina iguaria, néctar dos deuses, enquanto um arrepio elétrico percorre meu corpo, surpreendendo meus sentidos. Seus braços, como serpentes insaciáveis, aprisionam meus pensamentos, sua boca de minha pele se alimenta.
A noite pára. O tempo, suspenso, apenas observa.
Delicadamente, deitamo-nos na areia iluminada e, ali, entre o vento e as palmeiras, atingimos o orgasmo indivisível.
Apenas eu e você, nessa noite de sonho.

PEQUENAS NOITES ENCANTADAS DE AMOR INCENDIÁRIO

III - NUMA CABANA, NO MEIO DO NADA...

Junto as tintas incontáveis, de cores diversas, colocando-as diante de mim, agarro-me à tela virgem e, como se fosse um pintor renascentista, surpreendo-me imaginando como seria a noite de meus sonhos.
Dou um traço. Do borrão que se forma, ergo uma cabana no meio do nada, alaranjada, rodeada por verde-esperança. Adiciono, entre suspiros incontidos, um friozinho daqueles, em brancas pinceladas nervosas, uma pequena lareira e, sobre a mesa posta, adornada de carinho, uma panela de fondue delicadamente borbulha, incendiando o coração apreensivo.
Diante de mim, a mulher sem face, de corpo desnudo e cabelos enovelando pensamentos,sorrateiramente, aprisiona meu sexo. Do suor do ato, bebo de um prazer indescritível, desses que não se diz, dizendo... A pele, em comunhão silenciosa, torna nosso vermelho-sangue em amarelo-solar e, radiantes, não nos contemos dentro de nossas carcaças. Libertos, voamos por sobre azuis infindáveis...
O pincel que, deliciosamente, pinta essa noite, deixa gotejar alguma cor universal, em meio a esse devaneio encantado. Então, como se fosse o quadro terminado, entrego-me à mansidão do orgasmo, dissolvido, esparramado, como um poema que se desfaz em versos, como um arco-íris que se desfaz em cores.
Como a noite, que se desfaz em estrelas...

PEQUENAS NOITES ENCANTADAS DE AMOR INCENDIÁRIO

II - ENTRE QUATRO PAREDES

Com ansiedade desmedida, mergulho nessa noite imaginada, enquanto seus braços aprisionam meu desejo e o fazem caminhar na estrada dos sentidos em velocidade de cruzeiro.
Entre quatro paredes, nesse quarto enluarado, explodimos em estrelas. Do suor e do sêmem espalhados nascem galáxias inquietas e, para cada volta do relógio que se quer interminável, pulsam quasares incontidos e supernovas delicadas.
De sua boca escorre um quê de inocência intocável e a devassidão das mulheres que vivem. Nos seios iluminados pela lascívia, perco-me na veneração absoluta, enquanto me desfaço em orgasmos múltiplos - tão incontáveis e definitivos! - sentindo-me vulcão em fúria despertada...
Por um momento, sob o olhar da lua enternecida, caprichosamente enrolamos nossos corpos num abraço, como se fôssemos criaturas repletas de tentáculos açucarados. Deitados na arena dessa batalha deliciosa - nossa cama, em nosso quarto, envolto por paredes indiscretas - atigimos o clímax.
Sonolentos após o ato, esperamos ansiosos o recomeço arrebatador. E, nesse compasso de espera, entre suspiros febris, reafirmamos esse amor que, por ser amor, é universal.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

PEQUENAS NOITES ENCANTADAS DE AMOR INCENDIÁRIO

I - À BEIRA MAR

De repente, de olhos fechados, aconteço, e meu pensamento, agora dissolvido, materializa-se nessa noite, encharcada de estrelas. No alto daquela pedra à beira-mar, as ondas fervilhando lá embaixo, toco sua pele aveludada, deslizando suavemente, sentindo-me invadido pela divindade.
A lua, testemunha inquieta, banha nossos corpos enternecidos de luz prateada e o cheiro doce desse suor à maresia misturado, como tinta num pincel, vai desenhando o quadro da felicidade que não se diz.
Ofegantes, entreolhamo-nos perplexos, repletos de cumplicidade.
Sua língua, desprovida de pudores, prova-me por inteiro. Torno-me açúcar e éter, porquanto me evaporo nesse prazer que deixa marcas indeléveis e que, por tantas e tantas vezes, procuro prolongar, esticando, tanto quanto possa, próximo à eternidade...
O vento fustiga seus cabelos e, como lençóis de seda esvoaçante, cobrem meu corpo e o aquecem. No alto daquela pedra, tornamo-nos um ente de luz própria, inteiros e desmedidos.
Com ferocidade uterina, espraio-me num orgasmo sempiterno para, então, aquietar-me em seu colo abençoado. Como quem se doa, em seu olhar repouso mansamente... A praia, a pedra, o mar, estrelas e lua compõem um quadro sem retoques, indecifrável.
Porém, como tudo é de repente, de repente acordo desse sonho de realidade imaginada, e percebo ter sido a perfeita noite de amor dessa tal realidade em sonho transformada...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O retorno...

Acho que estou de volta.
Acho.
Digo "acho" pois não sei bem quando é que as palavras e imagens, caprichosas, irão escapar novamente, separar-se litigiosamente de mim, como têm feito durante toda a minha vida. Porém, aproveito cada um desses "intermezzos" para reavaliar todos os meus conceitos, para traçar novos caminhos e, quem sabe, crescer um pouco como pessoa.
Portanto, apertem os cintos pois lá vamos nós... (de novo!)