terça-feira, 11 de março de 2025


Quantas pessoas possuem o privilégio de ter, verdadeiramente, uma segunda chance? Quantas pessoas nesse mundo seriam agraciadas com a possibilidade de consertar tudo aquilo que foi feito errado em uma primeira vez, de modo a agarrar uma oportunidade perdida que ressurge? Certamente, não seriam muitas. E o que me dói é que fui uma delas, e consegui fazer tudo errado novamente...

Há dez anos, o MASTERCHEF (@masterchefbr) me deu a oportunidade (única) de participar da seletiva da segunda edição do programa. Ainda estava lá no começo, tudo ainda era muito novo, não se falava tanto de gastronomia na mídia. Mas, naquele momento, a possibilidade de participar do programa foi decisiva para que eu, de fato, soubesse o quanto cozinhar era - e é - importante na minha vida!
É certo que, com a expectativa lá no alto, embarquei rumo a São Paulo para a tal seletiva, carregando uma tonelada de sonhos na cabeça. Mas deu tudo errado!
O nervosismo e minha exagerada timidez impediram que eu tivesse um desempenho, no mínimo, razoável. Palavras me fugiram, eu simplesmente olhava e não via… Já tiveram essa sensação?
É engraçada essa minha relação com as palavras. Se escritas, eu tenho a certeza que convenço qualquer pessoa de que o azul é vermelho, que o vermelho é verde e que o verde é amarelo. Porém, falando, não consigo convencer nem a mim mesmo que o vermelho realmente é vermelho.
E não é que, dez anos depois, a história se repetiu? E olha, ingenuamente, achei que, depois de tanto tempo, com muito mais experiência e dominando uma infinidade de técnicas de cozinha – sim, eu sou um estudioso do assunto! – achei que me sairia melhor. Mas não me saí.
Convocado para a seletiva da décima segunda edição, novamente fui para São Paulo e, novamente, enfrentei todos os fantasmas de antes. E sucumbi, apesar de ter feito um belo prato.
Não, definitivamente, o MASTERCHEF não tem culpa alguma se nasci com um pequeno defeito de fabricação e este desabafo nada é do que a simples aceitação desse fato.
Decididamente, não sou um superstar, não nasci para estar diante de uma câmera. Apesar de ter conseguido vencer uma edição do Jogo de Panelas da Ana Maria Braga, sendo o personagem “bonzinho”, só eu sei como foi difícil todo o processo de gravação do programa. A edição deve ter penado – e muito! - pra selecionar algum material aproveitável de toda a minha participação...
Continuarei a ser um (eterno) apaixonado pela gastronomia. E, como sou teimoso, talvez até tente, uma última vez, quando abrirem as inscrições para o MASTERCHEF+. Afinal, entrar no seleto grupo dos idosos não é pra qualquer um, não é mesmo? E se já me utilizo do cartão para estacionamento pelo fato de já ter 60 anos, por que não? Sou um bom cozinheiro, tenho certeza disso… Quem sabe, dê sorte e eles relevem, com muita boa vontade, esse meu nervosismo e timidez e eu possa ter, enfim, uma terceira chance, consiga entrar e, quem sabe, vencer.
Sonhar não custa nada...

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Aqui estou eu tentando, novamente, reiniciar. Não é a primeira vez, não será a última.

Certamente, essa não é uma tarefa fácil, principalmente hoje em dia, quando já estou cansado do tempo, trazendo mais de meio século nas costas... As palavras – sabe-se lá o motivo! – me visitam com menos frequência e, talvez, seja apenas mais uma tentativa frustrada, daquelas que não dão em nada, que insistem em ficar no vazio. Ou, quem sabe, possa ser esse recomeço um incentivo, uma reconciliação.

Por tanto tempo me distanciei das coisas simples, daquilo que sempre gostei de fazer. Divorciei-me das palavras, dos traços, cores, rimas, formas. Não consigo, nem com grande esforço, lembrar quando foi a última vez em que, intoxicado de arte, derramei poesia em algum meio de expressão...

Desde que entrei nesse árido mundo jurídico, tudo que escrevo traz sempre essa (desagradável) sensação empoeirada, verborrágica. São centenas de parágrafos sem criatividade, justapostos como gado de corte, vernáculos se acotovelando entre brocardos em latim, ganhando aquela vestimenta toda certinha, alinhavada meticulosamente como uma insossa petição inicial...

Quando criei esse blog, ainda nesse tempo em que – imaginava eu! – tinha a arte por companheira, a vontade era que fosse um repositório de ideias, um cantinho em que eu pudesse ser eu, simplesmente. Um local em que, aos poucos, alimentado com pequenas doses de coisas que eu tivesse feito ou que faria em um futuro não tão distante, fosse um retrato, ainda que esmaecido, do ser pensante que, algum dia, habitou em mim...

Ledo engano! Com o passar do tempo e a escassez de palavras, ele foi ficando cada vez mais e mais esquecido n´algum canto não menos esquecido dessa imensa teia que é a internet. Um endereço obscuro, virtual, perdido no meio de tantos outros...

Valeria a pena ressuscitá-lo ainda mais uma vez?

Pois é, acho que me deu vontade, de novo. E, de novo, eu o retiro de seu limbo particular, sopro pra longe os resíduos de passado e me dou a oportunidade de recomeçar.

De início, àqueles que me visitam pela primeira vez, faço um convite. Não é um blog gigantesco, cheio de textos intermináveis ou de leitura difícil e, por isso, caso seja do interesse, peço que vasculhem as postagens anteriores. Tem um pouquinho de mim em cada uma delas... É o primeiro passo para que possamos nos conhecer melhor.

E, depois, daqui pra frente – quem sabe! – tenhamos sempre um encontro, seja para falar sério, seja para falar amenidades.

Fica sendo meu compromisso.

Sejam bem-vindos!

terça-feira, 5 de julho de 2011

APRENDIZ

Perdi alguns quilos de idéias pelas avenidas espiraladas.
Coloquei um anúncio na seção de Achados e Perdidos
Na esperança de que algum boêmio, de porre da vida,
Achasse e se embriagasse com a poesia de minhas idéias...
Mas até hoje não recebi notícias e, talvez,
Minhas idéias tenham sido encontradas pelo poeta frio
De esquinas frias e dentes de ouro
E, quem sabe, num ímpeto de quem nunca soube fazer nada
Brincou, como uma criança, de moldar versos com elas...

domingo, 17 de outubro de 2010

TRIBUTO À CORA CORALINA

ANINHA E SUAS PEDRAS
(Cora Coralina)

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.



Cora – Linda! - Coralina sentou-se, calada, à mesa, segurando um pequeno volume recém-nascido, com as mãos ainda trêmulas. Era sua primeira cria e sentia-se como mãe inexperiente, repleta de ansiedade, ainda que seus cabelos brancos, docemente revoltos, denunciassem a idade avançada.
Uma a uma, as páginas de versos coagulados eram viradas e, a cada lembrança renascida, sonhos adolescentes de futuro brilhavam na retina fatigada. Uma pequena lágrima de felicidade atravessava o rosto carcomido pela irremediável passagem do tempo...
Mas se o tempo passou, e daí? Ele, agora, recomeçava em um compasso deliciosamente lento. Recomeçar era mesmo um elixir da juventude e, recomeçando, ela se reinventava, tornando-se a menina que fora um dia, com o frescor de uma manhã iluminada!
Afinal, quando nos reinventamos, reconstruindo a cada dia o arcabouço daquilo que somos, acrescentando-lhe o viés do ineditismo, adquirimos a longevidade própria daquele que se recria e se renova. Pavimentamos a estrada desse novo caminho que, refeito, amplia nosso horizonte, cria dimensões inimagináveis e, de repente, somos sugados para o interior da nova criatura que nos tornamos, ainda mais ávidas de conhecimento, de experiência, de vida.
Então, a linda Cora Coralina recostou-se, após virar a última página. Sabia que seu primeiro filho estava pronto para lançar-se no mundo e ela, enfim, pronta para essa nova etapa de sua existência: renascida, recriada, reinventada, como se não fosse tão tarde...
Não, nunca é tarde para recomeçar! Dos destroços de nós mesmos, espalhados, podemos reconstruir o castelo do ser que somos e, das palavras soltas, empoeiradas, sem significado, podemos recriar frases inteiras, pacientemente reconstruindo versos de um poema gasto. Daquele cálice vazio, podemos reinventar o vinho adocicado e dele, sedentos, sorver a motivação de caminhar, embriagado de vida, sempre em frente. Sempre.
Cora Coralina, linda, acaba de folhear o livro, seu filho, e o deixa sobre a mesa. De olhos fechados, suspira profundamente, naufragando no sonho dentro de um sonho. E de dentro dele, sonhamos com ela. Seu exemplo nos inunda e, como a própria fênix, renascida das cinzas, reconstruimos nossa realidade que, reinventada, nos incendeia. Sentimo-nos renovados!
Prontos para, finalmente, recomeçar...

domingo, 3 de outubro de 2010

REENTRADA TRIUNFAL

Mais uma vez, recomeço...

sábado, 27 de março de 2010

15 anos...




Filha, você nem imagina quanto tempo eu levei até conseguir escrever algo que, de alguma forma, pudesse dizer um pouco do que sinto nesse momento... Por várias vezes, sentei-me diante do teclado, mas as palavras, as idéias, não surgiam. Tentei um poema, apenas um verso, só uma frase... E nada. Até que entendi a simplicidade da tarefa: sentimentos, como o nosso, não necessitam de palavras rebuscadas, de terno e gravata, arrumadinhas sem falha numa folha de papel...
Não. As palavras, neste contexto, são menos importantes, valem as entrelinhas. E é nas entrelinhas que encontro derramado todo o meu amor por você...
Lembro-me de quando você era pequenininha... Como éramos unidos! É certo que, hoje, temos tido nossas divergências – é normal, já que você é uma adolescente que está vivendo todas as fases da adolescência ao mesmo tempo. Também já passei por isso e sei que crescer tem seu preço. Hoje já não sou o pai-herói de antigamente, sou simplesmente aquele pai chato que vive cobrando estudo e atitude... Mas como sua mãe diz, educar é falar uma vez, outra, e outra, e outra... E continuar falando, sem nunca desistir.
Sei que hoje é um dia especial, não apenas para você, mas para todos nós. Você mesmo me disse que sonhava com esse dia desde pequena... Talvez seja assim com todas as mulheres, não? Ter a sua festa de 15 anos, ser uma debutante, mostrar para todo mundo que já não se é mais uma simples criança...
Engraçado, a gente até se assusta, já que não faz tanto tempo assim, você ainda era um bebê de colo, engatinhando de um lado para o outro... Mas o tempo passa, rápido, galopante, trazendo ainda mais rápido suas conseqüências. Neste rito de passagem, nesta sua festa de 15 anos, você hoje deixa de ser a menina e passa a ser a mulher. E, com isso, novas responsabilidades irão surgir, a maturidade a caminho... Crescer é um processo doloroso, mas necessário. Mas não se preocupe: nossos braços estarão sempre abertos para você, nossas mãos sempre prontas para lhe amparar. Estaremos, eu e sua mãe, sempre do seu lado, incondicionalmente.
Que você seja muito feliz, minha filha! Que cresça sem perder a ingenuidade das crianças... Que traga sempre um sorriso no rosto, um brilho especial nos olhos, um encantamento no coração!
Amo você. Sempre.