Quantas pessoas possuem o privilégio de ter, verdadeiramente, uma segunda chance? Quantas pessoas nesse mundo seriam agraciadas com a possibilidade de consertar tudo aquilo que foi feito errado em uma primeira vez, de modo a agarrar uma oportunidade perdida que ressurge? Certamente, não seriam muitas. E o que me dói é que fui uma delas, e consegui fazer tudo errado novamente...
Há dez anos, o MASTERCHEF (@masterchefbr) me deu a oportunidade (única) de participar da seletiva da segunda edição do programa. Ainda estava lá no começo, tudo ainda era muito novo, não se falava tanto de gastronomia na mídia. Mas, naquele momento, a possibilidade de participar do programa foi decisiva para que eu, de fato, soubesse o quanto cozinhar era - e é - importante na minha vida!
É certo que, com a expectativa lá no alto, embarquei rumo a São Paulo para a tal seletiva, carregando uma tonelada de sonhos na cabeça. Mas deu tudo errado!
O nervosismo e minha exagerada timidez impediram que eu tivesse um desempenho, no mínimo, razoável. Palavras me fugiram, eu simplesmente olhava e não via… Já tiveram essa sensação?
É engraçada essa minha relação com as palavras. Se escritas, eu tenho a certeza que convenço qualquer pessoa de que o azul é vermelho, que o vermelho é verde e que o verde é amarelo. Porém, falando, não consigo convencer nem a mim mesmo que o vermelho realmente é vermelho.
E não é que, dez anos depois, a história se repetiu? E olha, ingenuamente, achei que, depois de tanto tempo, com muito mais experiência e dominando uma infinidade de técnicas de cozinha – sim, eu sou um estudioso do assunto! – achei que me sairia melhor. Mas não me saí.
Convocado para a seletiva da décima segunda edição, novamente fui para São Paulo e, novamente, enfrentei todos os fantasmas de antes. E sucumbi, apesar de ter feito um belo prato.
Não, definitivamente, o MASTERCHEF não tem culpa alguma se nasci com um pequeno defeito de fabricação e este desabafo nada é do que a simples aceitação desse fato.
Decididamente, não sou um superstar, não nasci para estar diante de uma câmera. Apesar de ter conseguido vencer uma edição do Jogo de Panelas da Ana Maria Braga, sendo o personagem “bonzinho”, só eu sei como foi difícil todo o processo de gravação do programa. A edição deve ter penado – e muito! - pra selecionar algum material aproveitável de toda a minha participação...
Continuarei a ser um (eterno) apaixonado pela gastronomia. E, como sou teimoso, talvez até tente, uma última vez, quando abrirem as inscrições para o MASTERCHEF+. Afinal, entrar no seleto grupo dos idosos não é pra qualquer um, não é mesmo? E se já me utilizo do cartão para estacionamento pelo fato de já ter 60 anos, por que não? Sou um bom cozinheiro, tenho certeza disso… Quem sabe, dê sorte e eles relevem, com muita boa vontade, esse meu nervosismo e timidez e eu possa ter, enfim, uma terceira chance, consiga entrar e, quem sabe, vencer.
Sonhar não custa nada...