sexta-feira, 26 de outubro de 2007

SOLIDARIEDADE

Procuro as mãos do outro, para nelas repousar as minhas mãos cansadas...
Como um barco, procuro o porto, e procuro o mar, e o mar se desdobra
Em dezenas de outros, com as mesmas mãos estendidas, cansadas, solidárias...

Solidariedade, então, é isso?... Será mesmo assim?

Será como a mão sedenta, cansada, procurando outras, para nelas repousar?
Será como o barco errante, procurando portos, e outros tantos mares para navegar?
Será como a vida, ou como se quer que a vida fosse?

Talvez...

Penso, também, que seja como o sorriso que anseio desenhado na face do outro, enfim.
Ou como o colo, a bala, o doce, entregue pelo outro para a criança que ainda somos.
Quem sabe, como a palavra iluminada que afasta os pesadelos da escuridão da noite...

Talvez, solidariedade seja algo simples assim, por que não?

Sem expressões rebuscadas, sem rococós gramaticais, sem versos empoeirados,
De palavras cheirando à naftalina, sem as frias invencionices da língua culta, padrão,
Sem o açoite da colocação pronominal, da verborragia vazia, sem graça, inodora.

Não...

A solidariedade – quem diria! - rima com a simplicidade que se quer dela.
Está no sorriso, no aconchego, no aperto de mãos, no abraço incontido, no carinho,
No amparo à queda, na presença, no coletivo, na cooperação, nos bens repartidos...

Sim!

Certamente aí – e só aí! - se encontra a solidariedade que se espera do mundo,
A solidariedade ampla, amiga, real, sem qualquer contrapartida ou descaminho,
A solidariedade que é de um, e que é do outro, a solidariedade que é de todos!

E o porto, antes distante, transforma-se no efetivo porto de chegada...

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