segunda-feira, 12 de maio de 2008

PEQUENAS NOITES ENCANTADAS DE AMOR INCENDIÁRIO

III - NUMA CABANA, NO MEIO DO NADA...

Junto as tintas incontáveis, de cores diversas, colocando-as diante de mim, agarro-me à tela virgem e, como se fosse um pintor renascentista, surpreendo-me imaginando como seria a noite de meus sonhos.
Dou um traço. Do borrão que se forma, ergo uma cabana no meio do nada, alaranjada, rodeada por verde-esperança. Adiciono, entre suspiros incontidos, um friozinho daqueles, em brancas pinceladas nervosas, uma pequena lareira e, sobre a mesa posta, adornada de carinho, uma panela de fondue delicadamente borbulha, incendiando o coração apreensivo.
Diante de mim, a mulher sem face, de corpo desnudo e cabelos enovelando pensamentos,sorrateiramente, aprisiona meu sexo. Do suor do ato, bebo de um prazer indescritível, desses que não se diz, dizendo... A pele, em comunhão silenciosa, torna nosso vermelho-sangue em amarelo-solar e, radiantes, não nos contemos dentro de nossas carcaças. Libertos, voamos por sobre azuis infindáveis...
O pincel que, deliciosamente, pinta essa noite, deixa gotejar alguma cor universal, em meio a esse devaneio encantado. Então, como se fosse o quadro terminado, entrego-me à mansidão do orgasmo, dissolvido, esparramado, como um poema que se desfaz em versos, como um arco-íris que se desfaz em cores.
Como a noite, que se desfaz em estrelas...

2 comentários:

simonecarvalho disse...

Nesse friozinho que anda fazendo pelo Sudeste...uma noite de amor, um fondue e muita poesia seria o ideal para incendiar toda uma história de "amor"
Parabéns pelas suas poesias!!!!!!
Simone

Del SCHIMMELPFENG disse...

Agradeço... E por certo iria incendiar mesmo...